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A indústria cinematográfica paralisada
Pandemia de coronavírus tem consequências sem precedentes no mundo todo e adiamento de estreias agora é a última das preocupações
Hippodrome Theatre, um antigo cinema abandonado nos EUA. Foto: Sean Richardson
Os últimos sete dias mudaram completamente o cenário mundial face à pandemia de coronavírus. Estamos em casa, isolados. E sendo cinéfilos, como lidar com o fato de que as salas de exibição estão fechadas? Há uma semana, nossa preocupação era com o cancelamento ou adiamento indefinido de estreias de filmes, a interrupção de filmagens, o cancelamento de festivais. Agora, o temor é sobre a própria sobrevivência do cinema como negócio.
O fim de semana passado, quando os cinemas ainda estavam abertos, registrou a pior bilheteria em décadas nos Estados Unidos, com uma arrecadação de apenas US$ 50,3 milhões, somadas as vendas de ingressos dos 10 filmes mais procurados. E estamos falando de um fim de semana com estreia de “Bloodshot”, um blockbuster que numa situação normal levaria um bom público às salas. (Box Office Mojo)
Este e os próximos fins de semana certamente terão bilheterias ínfimas, já que pouquíssimas salas nos EUA continuam abertas. E o fato é não há o que fazer sem novos filmes e sem público. Os custos de manter cinemas abertos e vazios acarretaria em um prejuízo ainda maior. Grandes redes, como AMC, Regal, Cinemark etc. provavelmente irão sobreviver. Mas e as pequenas salas? E os circuitos independentes? O estrago pode ser sem precedentes. (IndieWire)
Por outro lado, uma tradição pode voltar com força total nos EUA: os cinemas drive-in. Um sucesso absoluto no passado, eles se tornaram apenas um lugar de nostalgia e apenas cerca de 300 ainda funcionam por lá. Com as recomendações para evitar aglomerações de pessoas, esses espaços já viram a renda aumentar na semana passada. Afinal, dentro de um carro fechado, você pode ver um filme coletivamente sem colocar a si mesmo e o resto da plateia em risco. Contudo, é improvável que as autoridades permitam que os cinemas drive-in sigam funcionando agora, no pico da pandemia. Afinal, o público pode estar protegido dentro de seus veículos, mas os funcionários estão expostos. (Los Angeles Times)
Atualizando as estreias suspensas ou adiadas:
- A Disney suspendeu a estreia de “Viúva Negra”, prevista para 30 de abril. Ainda não foi definida uma nova data para o filme da Marvel. A Disney também adiou indefinidamente o suspense "A Mulher na Janela", de Joe Wright, com Amy Adams, previsto para 14 de maio.
- A Universal Pictures suspendeu a estreia de "Minions 2", prevista para julho. O estúdio de animação Illumination Mac Guff, que trabalha na pós-produção em Paris, está impossibilitado de concluir o filme por não ter estrutura para trabalho remoto. Por outro lado, a Universal marcou uma nova data de estreia para "Trolls 2" nos cinemas brasileiros: 8 de outubro. Vale lembrar que, nos EUA, o estúdio havia anunciado que lançará a animação em VoD no dia 10 de abril.
- A Lionsgate suspendeu o lançamento dos suspenses “Espiral - O Legado de Jogos Mortais”, “Fuja” e “Antebellum”, previstos para estrear entre abril e maio. Não foram anunciadas novas datas.
- A Vitrine Filmes suspendeu seus lançamentos de filmes brasileiros previstos para março e abril: "Três Verões" (19/03), "Chão" (26/03), "A Febre" (16/04) e "Pacarrete" (30/04). Segundo distribuidora, novas datas serão anunciadas "assim que o cenário do avanço do coronavírus estiver mais claro".
- A Embaúba Filmes anunciou o adiamento da estreia dos filmes "Vaga Carne" e "Sete Anos em Maio". O lançamento aconteceria na última quinta, dia 19. Ainda não foi definida uma nova data.
- A A24 decidiu retirar “First Cow”, elogiado novo filme de Kelly Reichardt, dos cinemas norte-americanos e fazer um relançamento no fim do ano.
- O filme "Nóis Por Nóis", de Aly Muritiba e Jandir Santin, estreou no último 12 de março e teve sessões interrompidas devido ao fechamento de cinemas. Com isso, a distribuidora Olhar decidiu disponibilizar o filme nas plataformas de streaming a partir de 9 de abril.
- No mesmo sentido, “Bloodshot” chegará às plataformas digitais nos próximos dias. Nos EUA, a Sony Pictures anunciou que ele estará disponível em 24 de março. No Brasil, ainda não se sabe. O drama “The Way Back”, estrelado por Ben Affleck, também será antecipado no VoD para 24 de março. Enquanto isso, a Universal cumpriu a promessa e já disponibilizou, nos EUA, “O Homem Invisível”, “A Caçada” e “Emma”. Obviamente, todos já caíram no torrent, assim como “Dois Irmãos”, da Pixar, que a Disney lançou antecipadamente no Disney+.
- A propósito: surgiu o boato de que a Warner estaria cogitando lançar “Mulher-Maravilha 1984” direto no streaming. Mas o estúdio já desmentiu esse rumor e disse que o filme será lançado nos cinemas como planejado. A estreia continua agendada para 4 de junho, mas um adiamento (talvez para agosto) já é discutido. (IndieWire)
Com relação às produções que tiveram que interromper as filmagens, entraram para a lista esta semana: “Matrix 4”, “The Batman”, “Jurassic World: Dominion”, a adaptação do game “Uncharted”, as continuações de “Avatar”, “Criaturas Fantásticas 3”, “Red Notice” (filme de ação da Netflix com Dwayne Johnson, Gal Gadot e Ryan Reynolds), “Samaritan” (novo projeto de Sylvester Stallone), as séries da Marvel “Loki”, “Wandavision” e “Falcão e o Soldado Invernal”, a primeira temporada da série “O Senhor das Anéis” (da Amazon), a segunda temporada de “The Witcher”, a quarta temporada de “The Handmaid’s Tale”, entre outras. (IndieWire)
O Festival de Cannes deste ano está oficialmente adiado. De acordo com os organizadores, a expectativa é que uma nova data seja anunciada para o fim de junho/início de julho, a depender das medidas preventivas necessárias no enfrentamento ao coronavírus. O festival aconteceria inicialmente entre 12 e 23 de março. Agora, a dúvida paira sobre Veneza. Com a Itália em uma situação terrível, com mais de 4 mil mortos, o festival pode ser adiado para o fim do ano ou mesmo não acontecer.
Aqui no Brasil, o É Tudo Verdade, como esperado, suspendeu sua realização, prevista para começar no próximo dia 25. Porém, o festival fará exibições online e terá sessões presenciais reprogramadas para setembro. Já a Mostra de Tiradentes em São Paulo, que começaria no dia 26, foi adiada e uma nova data será anunciada oportunamente. O 27º Festival de Cinema de Vitória, que estava confirmado para 22 a 27 de setembro, também será remarcado para nova data. (Cinematório)
Autoridades da União Europeia solicitaram à Netflix que reduza a qualidade do streaming de seus filmes e séries, para evitar um colapso das conexões com a internet em seus países-membros. Desde quinta-feira, a medida está em vigor, principalmente para assinantes com planos 4K, e também já atinge a Austrália. Ainda não foi anunciada a redução da qualidade nos Estados Unidos e no Brasil, mas como são países muito populosos e o confinamento está aumentando, podemos esperar algo parecido. O YouTube e plataformas de videogame online também estão tomando medidas semelhantes. (The Guardian)
Enquanto isso, a Netflix anunciou a criação de um fundo de US$ 100 milhões para ajudar a indústria audiovisual durante a crise do coronavírus. A ideia é fornecer auxílio financeiro aos membros das equipes de filmes e séries da empresa que tiveram a produção suspensa, em todo o mundo. Funcionários terceirizados também receberão ajuda. Na próxima semana, a Netflix promete anunciar acordos de ajuda emergencial com entidades específicas de regiões como América Latina, Europa e Ásia. (IndieWire)
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Saindo agora do noticiário sobre o coronavírus, tem novidade na segunda temporada de “The Mandalorian”: a atriz Rosario Dawson está no elenco e interpreta a Jedi Ahsoka Tano. É a primeira vez que a personagem terá uma versão live-action. Até então, ela havia aparecido apenas nas séries animadas “Star Wars: The Clone Wars” e “Star Wars Rebels”, dublada pela atriz Ashley Eckstein. Ahsoka se tornou uma favorita dos fãs e também participa de games, HQs e outros produtos da franquia. Não se sabe exatamente qual é a extensão da participação dela em “The Mandalorian”. Pode ser que ela apareça apenas em um episódio no fim das contas. Mas é provável que seja o elemento mais forte de ligação entre a série e os filmes, já que Ahsoka foi treinada por Anakin e tem um arco dramático comovente em relação à Ordem Jedi. Vale lembrar que a segunda temporada de “The Mandalorian” já foi filmada. Se o coronavírus não afetar a pós-produção, a estreia será em outubro, no Disney+. (Variety)
Os fãs da trilogia do “Antes” (“Antes do Amanhecer”, “Antes do Pôr do Sol” e “Antes da Meia-Noite”) tiveram uma boa notícia esta semana. Ethan Hawke admitiu que a realização de um quarto filme com Julie Delpy e Richard Linklater continua sendo discutida entre eles. Porém, o ator revelou que o intervalo de nove anos entre cada filme deverá ser quebrado desta vez, o que significa que poderemos não reencontrar Celine e Jesse em 2022. Segundo Hawke, entre as ideias que o trio já teve está a de fazer apenas um curta situado quatro anos após “Antes da Meia-Noite” ou um longa que se passa duas décadas no futuro. O certo, de acordo com o ator, é que o filme só será feito quando eles tiverem certeza de que têm algo a dizer. (IndieWire)
Após cogitar o cancelamento da entrega dos prêmios deste ano, o Razzie Awards, também conhecido como Framboesa de Ouro, decidiu anunciar os “vencedores” apenas online. E sem surpresas, a maioria dos troféus ficou com “Cats”. O musical recebeu um total de seis Framboesas, incluindo Pior Filme, Pior Diretor (Tom Hooper), Pior Ator Coadjuvante (James Corden) e Pior Atriz Coadjuvante (Rebel Wilson). John Travolta foi eleito o Pior Ator por dois filmes: “The Fanatic” e “Trading Paint”. A Pior Atriz foi Hilary Duff, por “A Maldição de Sharon Tate”. Já o prêmio de Pior Remake ou Continuação ficou com “Rambo: Até o Fim”. O Razzie também homenageia alguém que era alvo frequente de indicações, mas que voltou a fazer bons trabalhos. Este ano, o prêmio foi entregue a Eddie Murphy, por “Meu Nome é Dolemite”.
É isso. Até a próxima edição! Com melhores notícias, esperamos.
Forte abraço e cuidem-se,
Renato Silveira
Editor-chefe do Cinematório