Cannes cancela festival, mas mantém filmes
Organizadores enfim decidem pelo cancelamento, mas haverá seleção oficial, que será exibida em outros festivais. Enquanto isso, indústria se movimenta para a retomada pós-pandemia.
Foto: REUTERS/Stephane Mahe
Thierry Frémaux aguentou até onde conseguiu, mas não teve jeito: o Festival de Cannes está cancelado em 2020. Mas haverá uma seleção oficial - ou quase isso. Mesmo sem festival, parte dos filmes que estariam na programação será anunciada em junho. O plano é fazer exibições especiais dos “filmes de Cannes” em parceria com outros festivais ao longo do ano, inclusive Veneza. Cannes também promoverá sessões desses títulos em salas de cinema. Segundo Frémaux, há cineastas que preferiram guardar seus trabalhos para a edição 2021 do festival. Logo, é de se esperar que os filmes dessa “seleção parcialmente oficial” sejam aqueles que já possuem distribuição garantida. O selo de Cannes ajudará na publicidade. (IndieWire)
“O Traidor”, de Marco Bellocchio, foi o grande vencedor da 65ª edição dos Prêmios David di Donatello, o “Oscar italiano”. O longa-metragem sobre o mafioso arrependido Tommaso Buscetta disputou 18 estatuetas e ganhou seis, incluindo melhor filme, diretor, ator (Pierfrancesco Favino) e roteiro original. Coprodução entre Brasil e Itália, “O Traidor” tem Maria Fernanda Cândido no elenco e locações no Rio de Janeiro. Está inédito nos cinemas e streaming brasileiros. E adivinha quem levou o Donatello de Melhor Filme Estrangeiro? “Parasita”, é claro. (Revista de Cinema)
O Fantaspoa, Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre, realizou uma edição especial online com curtas sobre a pandemia de coronavírus. O público elegeu os três melhores: “Às Vezes Ela Volta”, de Matheus Maltempi; “Pra Ficar Perto”, de Lucas dos Reis; e “Eclosión”, de Alejo Rébora. O festival pretende reunir alguns dos curtas da seleção em uma antologia que será distribuída nos cinemas. O projeto será comercializado no Mercado do Filme do Festival de Cannes, que acontecerá online em junho. (Papo de Cinema)
Na semana passada, noticiamos aqui que alguns estados norte-americanos autorizaram a reabertura dos cinemas. Pois cerca de 200 salas voltaram a funcionar, sendo a maioria no Texas. Os cinemas drive-in continuam sendo os mais procurados. As grandes redes, AMC, Regal e Cinemark, seguem de portas fechadas e só devem reabrir em julho, quando os estúdios confirmarem o lançamento de superproduções, entre elas “Tenet” e “Mulan”. Mas já há filmes novos entrando em cartaz nos cinemas que retomaram os trabalhos. O terror “The Wretched” foi o campeão de bilheteria, com cerca de 212 mil dólares de renda. A comédia “How to Build a Girl” ficou em segundo lugar, com quase 20 mil dólares. (Variety)
Em tempo: as ações da AMC dispararam esta semana. O motivo: a Amazon estaria interessada em comprar a rede de cinemas, que é a maior não só dos EUA, mas do mundo. Por enquanto, é só especulação. (Variety)
Na Europa, alguns países como República Tcheca, Islândia, Noruega e Suécia já reabriram seus cinemas, enquanto Portugal, Alemanha, Reino Unido e Espanha marcaram datas que vão do final de maio ao início de julho. Já França e Itália seguem sem previsão. (Cineuropa)
Cá no Brasil, a reabertura dos cinemas também segue indefinida, mas pelo menos começam a aparecer as primeiras novas datas de estreia para filmes brasileiros. “Marighella”, que estava previsto para entrar em cartaz no último 14 de maio, agora será lançado em 19 de novembro. A data marcada é exatamente um ano depois da inicialmente prevista pelos distribuidores (em novembro do ano passado, a Ancine barrou o lançamento por “problemas burocráticos”). De acordo com o calendário, o primeiro filme nacional pós-pandemia já agendado é “Incompatível”, de Johnny Araújo. (Papo de Cinema)
Lá fora, “Benedetta”, novo filme de Paul Verhoeven (“Robocop”, “A Espiã”), e “Blonde”, de Andrew Dominik (“O Assassinato de Jesse James”) e com Ana de Armas vivendo Marilyn Monroe, foram adiados para 2021. Lembra ali em cima que Thierry Frémaux falou que alguns diretores preferiram segurar seus filmes para o Festival de Canens do ano que vem. Pois é. (The Playlist)
Enquanto uns seguram, Abel Ferrara (“O Rei de Nova York”), que já esperou muito, resolveu lançar “Tommaso” em VoD em junho. Veja o trailer. O filme foi exibido em Cannes no ano passado e traz Willem Dafoe como um alter ego do próprio Ferrara. Os dois são colaboradores de longa data. A esposa e a filha do cineasta atuam no longa.
Já a Netflix comprou os direitos do filme polonês “The Hater”, que ganhou o prêmio de Melhor Longa de Ficção Internacional na edição online do Festival de Tribeca este ano. O lançamento está previsto para julho. O filme acompanha um rapaz que se envolve com o jogo sujo da manipulação política nas redes sociais. A direção é de Jan Komasa, do indicado ao Oscar “Corpus Christi”. (Variety)
A Cinemateca Brasileira passa por problemas financeiros sérios. O jornal O Globo informa que a entidade não recebe recursos federais desde o vencimento do contrato de gestão em dezembro de 2019. Salários de funcionários estão atrasados e a situação só piora com a pandemia de COVID-19 e a instabilidade na gestão da secretaria especial da Cultura. Por falar nela, mais de 500 artistas assinaram um manifesto em repúdio à Regina Duarte. “Ela não nos representa”, diz o documento. (Folha, O Globo, Papo de Cinema)
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A Criterion anunciou o lançamento da obra completa de Agnès Varda em Blu-ray. A caixa com 15 discos trará os 39 filmes da cineasta, além de horas e horas de extras, incluindo vários depoimentos de Varda sobre cada título, da estreia com “La Pointe-Courte” (1955) até a despedida com “Varda por Agnès” (2019). Sai em agosto, mas somente nos EUA, já que a Criterion não tem distribuidor no Brasil. Com o dólar nas alturas, o jeito é só ficar babando por enquanto... (The Playlist)
Na semana de seu aniversário, Sofia Coppola anunciou que fará sua primeira série de TV. Ela está desenvolvendo para a Apple uma adaptação do romance de Edith Wharton “The Custom of the Country”, publicado em 1913. Coppola vai escrever e dirigir a série, que acompanhará a jovem Undine Spragg em sua tentativa de ascender na sociedade novaiorquina. Segundo a diretora de “Encontros e Desencontros”, Spragg é sua “anti-heroína literária favorita”. Wharton também é autora de “A Época da Inocência”, livro vencedor do Pulitzer e levado ao cinema por Martin Scorsese. Vale lembrar que a Apple também está por trás do novo longa de Coppola, “On the Rocks”, com Bill Murray e Rashida Jones, atualmente em pós-produção. Aproveitando, deixo aqui o link para o nosso recém-lançado podcast sobre a obra de Sofia. (Variety)
Quem também está trabalhando em uma série é Olivier Assayas (“Personal Shopper”, “Acima das Nuvens”). O diretor francês está adaptando seu longa de 1996 "Irma Vep" em uma série, com produção da A24. Por enquanto, ele está concentrado no roteiro e disse que isso o manterá ocupado por um tempo. “Irma Vep” é estrelado por Maggie Cheung como uma variação de si mesma, depois que ela é escalada por um diretor francês (Jean-Pierre Léaud) para estrelar seu remake da série de filmes mudos de Louis Feuillade, "Les Vampires". Vale lembrar que um dos trabalhos mais elogiados de Assayas foi feito para a TV: a minissérie “Carlos, o Chacal”, de 2010, que foi editada em forma de longa-metragem e exibida em festivais.
E a franquia “Star Trek” ganhará mais uma nova série. De acordo com o anúncio da CBS, a história de “Strange New Worlds” se passará dentro da Enterprise, nos anos anteriores a James Kirk assumir como capitão da nave. A ideia é fazer algo mais próximo da série original dos anos 1960. No elenco, Anson Mount, Rebecca Romijn e Ethan Peck reprisarão seus papeis de “Star Trek: Discoveries”: Capitão Pike, Número Um e Spock, respectivamente. (Variety)
Luca Guadagnino assumiu a direção do novo remake de “Scarface” que há tempos a Universal Pictures tenta tirar do papel. Se ele fizer por “Scarface” o que fez por “Suspiria”, podemos esperar algo completamente diferente. Lembrando que Brian De Palma já fez uma releitura radical da história do gângster nos anos 80, com Al Pacino. A primeira versão é o clássico de Howard Hawks, de 1932. O mais recente tratamento do roteiro do novo projeto foi escrito pelos irmãos Coen, o que não significa que será filmado. Aliás, é bastante provável que não seja, tendo em vista o estilo de cinema de Guadagnino. (Variety)
Wong Kar-Wai pretende voltar aos sets de seu próximo filme em julho. “Blossoms”, que teve as filmagens interrompidas pela pandemia de COVID-19, é descrito como uma “continuação espiritual” de “Amor à Flor da Pele”, filme mais celebrado do diretor chinês. Lembrando que “2046” serve ao mesmo propósito. “Blossoms” segue a vida de três moradores de Xangai desde o final da Revolução Cultural da China na década de 1960 até a vida na América na década de 1990. É o primeiro filme do cineasta desde 2013. (IndieWire)
Já Lana Wachowski se prepara para retomar as filmagens de “Matrix 4” em julho, com locações em Berlim. O elenco assinou uma extensão do contrato por oito semanas, já que o prazo de trabalho inicial foi suspenso pela pandemia. (Deadline)
Tem novo filme Hayao Miyazaki em produção, mas teremos que esperar pelo menos três anos para vê-lo, segundo estimativa do atual chefe do Studio Ghibli, Toshio Suzuki. A demora é o tempo necessário para a conclusão do processo de animação. Segundo Suzuki, há 36 minutos finalizados até agora. "How Do You Live?" é uma adaptação de uma história de Yoshino Genzaburo, escrita em 1937, sobre um garoto que atinge a maioridade enquanto vive com seu tio após a morte de seu pai. Este será o último filme de Miyazaki, que completa 80 anos em 2021. Ele já havia anunciado aposentadoria, mas decidiu fazer mais um longa para dedicá-lo ao neto. (IndieWire)
Cate Blanchett estará no próximo filme de James Gray (“Ad Astra”). Intitulado "Armageddon Times" (apropriado, não?), o longa é baseado nas próprias experiências de Gray como estudante, no Queens, quando Fred Trump (pai do presidente dos EUA Donald Trump) fazia parte do conselho de sua escola. O papel de Blanchett não foi especificado. A atriz também assinou para atuar em "Don't Look Up", próximo filme de Adam McCay (“Vice”) que já tinha Jennifer Lawrence no elenco. (Variety)
Ryan Gosling voltará a interpretar um astronauta em seu próximo filme. Depois de viver Neil Armstrong em “Primeiro Homem”, o ator tentará salvar a Terra no thriller espacial “Project Hail Mary”, adaptação do próximo livro do escritor Andy Weir, autor de “Perdido em Marte”. O filme será dirigido pela dupla Phil Lord e Chris Miller, de “Anjos da Lei” e “Uma Aventura Lego”. (The Hollywood Reporter)
George Miller confirmou que filmará “Mad Max: Furiosa”, prequel de “Mad Max: Estrada da Fúria”. No entanto, ele não trará Charlize Theron de volta para reprisar o papel da guerreira. Ao invés de usar a tecnologia de “de-ageing”, como Scorsese fez em “O Irlandês”, Miller prefere escalar outra atriz para viver Furiosa na juventude. O roteiro já havia sido escrito pelo cineasta antes mesmo de ele começar a filmar “Estrada da Fúria”. Ainda não há data para as filmagens, mas só esperamos que o diretor não tenha tantos problemas para rodar o novo longa da franquia, já que o último demorou quase 10 anos para ficar pronto. Antes de “Furiosa”, porém, Miller filmará o drama “Three Thousand Years of Longing”, estrelado por Idris Elba e Tilda Swinton, que ele descreve como um filme “anti-’Mad Max’”. O enredo não foi divulgado. (The Playlist)
Para fechar esta semana agitadíssima de novos projetos: Danny Boyle (“Trainspotting”, “Extermínio”) vai dirigir Michael B. Jordan em “Methuselah”. Há poucos detalhes sobre o projeto, a não ser que é inspirado em uma passagem bíblica sobre um homem que viveu 969 anos. Sabe-se, no entanto, que Boyle e os produtores veem potencial para uma franquia. O projeto vem sendo desenvolvido há algum tempo e, inicialmente, teria Tom Cruise no papel principal. (Variety)
In memoriam: Morreu Jerry Stiller, aos 92 anos. Muito lembrado como o pai de George Constanza na série “Seinfeld”, na vida real ele é pai do também ator e comediante Ben Stiller. Na TV, ele se destacou também em “The King of Queens”. No cinema, atuou em filmes como “O Sequestro do Metrô” (1974), “Hairspray” (1988 e no remake de 2007) e “Antes Só do que Mal Casado” (2007). Foi dirigido pelo filho em “Zoolander” (2001) e na continuação de 2008.
É isso. Até a próxima edição!
Forte abraço e cuide-se,
Renato Silveira
Editor-chefe do Cinematório