Cinematório News: Edição Coronavírus
Estreias adiadas, festivais cancelados: a epidemia atinge a indústria cinematográfica
Os impactos da epidemia do novo coronavírus na indústria audiovisual foram sentidos com mais força nesta semana. A estreia de “007 - Sem Tempo Para Morrer” foi adiada em sete meses. No Brasil, o lançamento foi remarcado para 19 de novembro -- uma semana depois do Reino Unido, uma semana antes dos EUA. O filme seria lançado originalmente em 9 de abril (vale lembrar que os últimos filmes do espião foram todos lançados em novembro). Já há conversas sobre outros blockbusters serem adiados, incluindo “Viúva Negra” (30 de abril) e “Velozes e Furiosos 9” (21 de maio), mas ainda não há confirmação. (The Hollywood Reporter)
Outra franquia de peso afetada pelo coronavírus é “Missão: Impossível”. As filmagens do sétimo longa que aconteceriam em Veneza, na Itália, durante três semanas foram suspensas. Na Europa, a Itália é o país com o maior número de casos da doença. Na China, onde a epidemia começou, Jia Zhangke adiou indefinidamente o início da produção de seu próximo filme, que estava previsto para abril. Wong Kar-Wai já havia tomado a mesma decisão há algumas semanas. A Paramount também decidiu cancelar o lançamento de “Sonic - O Filme” nos cinemas chineses, assim como a Universal cancelou as estreias de “1917” e “Dolittle”. (IndieWire)
No âmbito dos festivais, o SXSW anunciou o cancelamento da edição 2020, que começaria no próximo dia 13. É o primeiro evento desse porte a suspender a realização por causa do coronavírus. A notícia afeta o cinema brasileiro, já que o SXSW faria a pré-estreia mundial de “Medida Provisória”, filme dirigido por Lázaro Ramos (falamos mais sobre ele aqui).
E cresce o temor de que o Festival de Cannes também seja afetado. Esta semana, a organização anunciou normalmente a realização da coletiva em que os filmes da seleção oficial serão revelados, em 16 de abril. Porém, autoridades francesas já estão impondo restrições à realização de eventos com grandes aglomerações de pessoas. A depender da evolução do quadro, Cannes terá que seguir o protocolo determinado pelo governo.
Vale ressaltar que os números de novas infecções e mortes pelo coronavírus têm diminuído gradativamente na China. Porém, a doença avança cada vez mais a outros países, incluindo o Brasil, e ainda não foi criada uma vacina.
Falando agora sobre um futuro mais distante, o diretor Chad Stahelski, da franquia “John Wick”, está cotado para comandar um novo filme de ação, produzido por Andrew Form e Brad Fuller, de “Um Lugar Silencioso”. O projeto ainda não tem nome, mas os produtores já adiantaram que terá muitas perseguições de carro e “um relacionamento único” no centro da trama. O roteiro é da dupla Andre Nemec e Josh Appelbaum, que trabalhou nos mais recentes filmes das Tartarugas Ninjas. Stahelski atualmente prepara “John Wick 4”, que chegará aos cinemas em 2021. (Deadline)
Após abandonar a direção de “Doutor Estranho 2”, Scott Derrickson definiu como próximo projeto o filme de ação e aventura “Bermuda”. As informações sobre o enredo ainda são escassas, mas vindo de Derrickson (diretor de filmes como “O Exorcismo de Emily Rose” e “Livrai-nos do Mal”) podemos esperar algum elemento de horror inserido na trama. Curiosamente, o projeto já teve Sam Raimi ligado à direção no passado. Raimi que assumiu, justamente, a direção de “Doutor Estranho 2” no lugar de Derrickson. E a relação do diretor com a Marvel não para aí, já que Chris “Capitão América” Evans está em negociações para ser o protagonista de “Bermuda”. Ainda não há previsão para o início das filmagens ou para o lançamento. (Variety)
Por muito tempo foi especulado que seria um filme, mas o famoso jogo do PlayStation “The Last of Us” será adaptado como uma série da HBO. O projeto foi anunciado oficialmente esta semana e já tem showrunner: Craig Mazin, criador da elogiadíssima “Chernobyl”. Também para a alegria dos fãs, o roteirista e diretor criativo do game, Neil Druckmann, estará “intensamente envolvido” com a série, que terá elementos do jogo original e da continuação que será lançada em maio, além de material inédito. “The Last of Us” tem uma trama pós-apocalíptica em que uma adolescente e um contrabandista mais velho tentam sobreviver em um mundo dominado por mortos-vivos, duas décadas após uma praga se espalhar pelos Estados Unidos. O jogo tem uma narrativa longa e complexa, o que sempre levantou muitas dúvidas se seria possível transformá-la em um filme de duas horas. O formato de série parece realmente mais adequado. Ainda não há previsão de lançamento. (Heat Vision)
Taika Waititi segue em alta em Hollywood. Agora, o diretor neozelandês de “Jojo Rabbit” assinou contrato com a Netflix para produzir não uma, mas duas séries animadas baseadas em “A Fantástica Fábrica de Chocolate”. Waititi será diretor, roteirista e produtor executivo da atração dupla. Uma das séries terá como inspiração direta o livro de Roald Dahl, já levado para o cinema duas vezes. A outra série será inteiramente centrada nos Oompa-Loompas. Ainda não há previsão de lançamento. (IndieWire)
No mundo dos filmes de super-heróis, a grande novidade da semana foi a revelação do novo Batmóvel, que será pilotado por Robert Pattinson em “The Batman”. Mais uma vez, foi o diretor Matt Reeves quem mostrou as imagens nas redes sociais. O carro tem um certo design low-tech retrô, que remete ao Batmóvel da série dos anos 60, e lembra um bocado também a saudosa Supermáquina.
Em notícia relacionada, o ex-Batman Christian Bale está confirmado no elenco de “Thor: Love & Thunder”. O nome do personagem ainda não foi revelado, embora especulações indiquem que seja Balder, o Bravo, outro meio-irmão de Thor e que chegou a ser incluído em versões anteriores dos roteiros dos dois primeiros filmes do herói. Taika Waititi dirige e o lançamento está previsto para novembro de 2021. (Entertainment Tonight)
Em notícia não tão relacionada assim, Ewan McGregor, visto recentemente como o vilão de “Aves de Rapina”, estará em São Paulo para participar do evento Geek Nation Brasil, em maio. Ele falará com a plateia em um painel sobre sua carreira e receberá os fãs que comprarem o ingresso Meet & Greet. É esperado que ele fale pouco sobre a futura série de Obi-Wan Kenobi, da Disney+, mas certamente não faltará gente tentando arrancar alguma informação do ator.
E por falar em “Star Wars”... Trechos da novelização oficial de “A Ascensão Skywalker” estão surgindo online e revelando informações cruciais sobre o retorno de Palpatine. Cuidado com os spoilers a seguir, se você não viu o filme! Acontece que a especulação sobre Palpatine ter feito clones de si mesmo é comprovada no livro. Não só isso: o filho dele, pai de Rey, na verdade, é uma versão inacabada do imperador Sith, fruto de uma de suas primeiras tentativas de criar um clone idêntico a ele. Esse “filho” cresceu longe do “pai”, casou e gerou Rey. Como ela herdou os poderes, Palpatine passou a temer que Rey os usasse para destruí-lo. Snoke também era uma dessas versões que Palpatine passou o fim da vida tentando reproduzir (de fato, no filme, Palpatine chega a mencionar que Snoke é uma criação sua). E o Palpatine que vimos no filme é o clone que deu certo, com a consciência do Palpatine verdadeiro transferida para seu cérebro. Na novelização, todas essas informações são reveladas no momento em que Rey finge ter aceitado a proposta de Palpatine, no ato final da trama. Ela tem uma visão do passado do “avô” enquanto participa daquele ritual e descobre toda a verdade. Ao que parece, parte dessa história toda estaria no filme também, mas foi cortada por J.J. Abrams e não teria chegado a ser filmada. Goste-se ou não da história, ela pelo menos faz sentido agora, já que no filme causou mais confusão e decepção que qualquer outra coisa. (Screen Rant)
Após o anúncio da publicação da autobiografia de Woody Allen, funcionários da editora norte-americana Hachette pediram demissão em protesto. O ato fez a editora cancelar o lançamento do livro de memórias de Allen, intitulado “A Propósito de Nada”. Os direitos do livro retornarão ao cineasta, que terá que procurar outra editora. No Brasil, o lançamento também está suspenso. Ainda não havia nada certo como nos EUA, mas há receio entre as editoras interessadas (por motivos que vão desde a acusação de abuso sexual contra Allen até o medo da reação do público), então a publicação por aqui não está garantida. (Folha)
In Memoriam: Morreu James Lipton, aos 93 anos. Ele era o apresentador do programa de entrevistas “Inside the Actors Studio”, que no Brasil foi exibido durante muito tempo pelo canal pago Multishow. Também roteirista, ele foi host do programa por 24 anos e havia se aposentado em 2018. Lipton entrevistou quase 300 atores no talk show, que era gravado com plateia em grande parte formada por estudantes do Actors Studio, famosa escola de atuação da Pace University, em Nova York. Uma das marcas registradas de Lipton no programa era terminar a entrevista com o Questionário de Bernard Pivot (célebre jornalista cultural francês), que consiste de 10 perguntas triviais (entre elas, “Qual sua palavra preferida?”, “Qual o seu som ou barulho favorito?” e “Qual seu palavrão predileto?”). O jornal New York Times selecionou cinco entrevistas memoráveis feitas por Lipton.
Novos trailers:
“Os Melhores Anos de uma Vida”, mais novo filme de Claude Lelouch, que acompanha os mesmos personagens do clássico “Um Homem, uma Mulher”, agora 50 anos depois e novamente vividos por Jean-Louis Trintignant e Anouk Aimée (estreia em 9 de abril);
“Greyhound”, novo épico sobre a Segunda Guerra Mundial estrelado por Tom Hanks, agora no papel de um comandante da Marinha; Hanks também assina o roteiro e a direção é de Aaron Schneider, de “Segredos de um Funeral” (estreia em 7 de maio);
“A Jornada”, drama sci-fi com Eva Green no papel de uma astronauta que tem que abdicar de cuidar da família para passar pelo treinamento que a levará a uma missão espacial que ajudará a humanidade a chegar a Marte; a direção é de Alice Winocour, de “Transtorno” e “As Cinco Graças” (estreia em 19 de março)
“Super Conectados”, nova animação da Sony Pictures, produzida por Phil Lord e Chris Miller (“Uma Aventura Lego”) e dirigida pela dupla Michael Rianda e Jeff Rowe (da série animada “Gravity Falls: Um Verão de Mistérios”); a trama gira em torno de uma família viciada em seus smartphones, que de repente se vê obrigada a enfrentar a revolta dos aparelhos eletrônicos contra a humanidade (estreia em 17 de setembro);
“Scooby!”, animação sobre a origem de Scooby Doo e sua amizade com Salsicha; a direção é de Tony Cervone, que antes dirigiu várias animações da Hanna-Barbera e dos Looney Tunes para a TV ou lançadas direto em DVD (estreia em 14 de maio);
“Vaga Carne” e “Sete Anos em Maio”, lançamento “2 em 1” dos premiados médias-metragens de Grace Passô, Ricardo Alves Jr. e Affonso Uchoa, compondo uma sessão única nos cinemas (estreia em 19 de março);
“Babenco - Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, documentário dirigido por Bárbara Paz, premiado no Festival de Veneza, sobre a trajetória pessoal e artística do cineasta Hector Babenco (estreia em 9 de abril)
“Mulheres”, produção angolana que retrata a realidade da periferia do país, encontrando similaridades no cotidiano de muitas famílias brasileiras; a direção é de Alén Mamona (sem previsão de estreia);
“Never Rarely Sometimes Always”, drama sobre aborto premiado em Berlim com o Grande Prêmio do Júri e muito elogiado pela crítica, dirigido por Eliza Hittman, de “Ratos de Praia” (sem previsão de estreia no Brasil);
“Antebellum”, suspense estrelado por Janelle Monáe, que interpreta uma escritora que tem visões do passado que a transportam 200 anos na história, para a era da escravidão nos EUA; a direção é da dupla estreante em longas Gerard Bush e Christoper Renz (sem previsão de estreia no Brasil);
“I Know This Much Is True”, série da HBO em que Mark Ruffalo interpreta irmãos gêmeos em uma história de traição, sacrifício e perdão, dirigida por Derek Cianfrance, de “Namorados Para Sempre” (estreia em 27 de abril).
É isso. Até a próxima edição!