Estúdios apressam volta de blockbusters
Apesar de coronavírus crescer assustadoramente nos Estados Unidos, principais lançamentos da temporada ganham novas datas e donos de redes de cinema agendam reabertura das salas
Scarlett Johansson em “Viúva Negra”, da Marvel - Distribuição: Disney
Quando a pandemia de coronavírus começou a mexer com o calendário de estreias, os estúdios derrubaram as datas de seus lançamentos uma atrás da outra. Isso foi na segunda semana de março. Agora, mesmo com o número de casos da COVID-19 disparando nos Estados Unidos, os estúdios começaram, de novo um atrás do outro, a anunciar o novo planejamento para seus principais filmes previstos para 2020.
Vamos começar com a Disney, que remodelou toda a Fase 4 dos filmes da Marvel. Ficou assim: “Viúva Negra” foi para 6 de novembro, data que era de “Os Eternos”, que foi para 12 de fevereiro de 2021; “Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis” foi para 7 de maio de 2021; “Homem-Aranha 3” (ainda sem título oficial e lançado pela Sony) continua em 16 de julho de 2021; “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” foi para 5 de novembro de 2021; “Thor: Amor e Trovão” foi para 18 de fevereiro de 2022; “Pantera Negra 2” continua em 6 de maio de 2022; e “Capitã Marvel 2” foi para 8 de julho de 2022. Vale lembrar que todas essas datas são para os EUA, onde os filmes ainda entram em cartaz nas sextas-feiras. No Brasil as estreias ocorrem às quintas, então basta antecipar as datas em um dia. (The Playlist)
Outras franquias da Disney também ganharam novas datas. “Indiana Jones 5” vai demorar mais um ano para chegar às telas: passou de 9 de julho de 2021 para 29 de julho de 2022. “Jungle Cruise”, que estrearia em 24 de julho próximo, também foi adiado em um ano, para 30 de julho de 2021. Isso porque a Disney decidiu que “Mulan”, que seria lançado agora em abril, ocupará a data que era de “Jungle Cruise”. Por fim, a comédia “Free Guy”, com Ryan Reynolds, foi de 3 de julho para 11 de dezembro deste ano. (The Playlist)
E também nas mãos da Disney, já que é um filme da Fox Searchlight, “The French Dispatch”, novo filme de Wes Anderson, foi remarcado de 24 de julho para 16 de outubro, data que tradicionalmente abre a temporada de estreias de filmes com ambições de Oscar. Ainda há a possibilidade do filme ser exibido em algum grande festival, como Cannes e Veneza -- claro, se eles acontecerem, o que até agora é uma incógnita. (IndieWire)
Mas nem todos os grandes lançamentos da Disney previstos para 2020 chegarão aos cinemas: a aventura infanto-juvenil “Artemis Fowl: O Mundo Secreto”, que estava prevista para 29 de maio, sairá direto no streaming do Disney+, em data a ser definida. A superprodução é dirigida por Kenneth Branagh e tem no elenco nomes como Colin Farrell, Josh Gad e Judi Dench. (The AV Club)
Outros estúdios também anunciaram novas datas para seus filmes esta semana. A Paramount remarcou a estreia de "Um Lugar Silencioso - Parte 2" para 3 de setembro. Já "Top Gun: Maverick" foi adiado de 24 de junho para 23 de dezembro.
A Universal adiou “A Lenda de Candyman” de 12 de junho para 25 de setembro, enquanto suas animações passaram para o ano que vem: “Minions 2” em 2 de julho de 2021 e “Sing 2” em 22 de dezembro de 2021.
Pela Sony Pictures, “Ghostbusters – Mais Além” foi para 5 de março de 2021; “Morbius” (que faz parte do “Universo Homem-Aranha”) foi para 19 de março de 2021; e “Uncharted” foi para 8 de outubro de 2021. (Cinematório)
E aí, caro leitor, diante de toda essa animação dos estúdios, você talvez esteja se perguntando assim como nós: mas os cinemas já têm data para serem reabertos? Ou melhor, deveríamos questionar se os estúdios realmente acham que a pandemia de coronavírus terá arrefecido sua devastação até julho. É claro que todo mundo quer que essa tragédia termine logo, no entanto, diante de algo que é novo e com o qual cientistas e governantes do planeta inteiro ainda estão aprendendo a lidar, fazer qualquer previsão é, no mínimo, arriscado.
Seja como for, os estúdios estão, sim, confiantes. Além de terem que fazer o jogo do mercado financeiro para não perderem ainda mais dinheiro, eles têm em mãos uma estimativa dos donos dos cinemas de que as salas nos EUA já voltarão a funcionar no final de maio ou início de junho. Com isso, a temporada de verão (no hemisfério norte) não estaria totalmente perdida. A aposta é do alto escalão da NATO (National Association of Theatre Owners), que se reuniu nesta sexta-feira em videoconferência. Os proprietários das redes querem reabrir as salas tão logo seja possível, mesmo que tenham que adotar medidas extremas de higienização e operar com 50% da capacidade das salas para manter o distanciamento entre as pessoas. (IndieWire)
Vale lembrar que, na China, onde o coronavírus parece controlado, os cinemas reabriram por uma semana e tiveram que fechar de novo porque ninguém apareceu e novas transmissões da doença começaram a ser registradas. O mesmo pode muito bem acontecer nos EUA -- ou em qualquer outro país por onde a COVID-19 tenha se alastrado. Nós já estamos em um novo mundo e “a volta à normalidade” parece cada vez mais uma fantasia.
Conheça o nosso crowdfunding. Apadrinhando o Cinematório, você ajuda o site a pagar as contas de hospedagem e recebe conteúdo exclusivo sobre cinema, além de poder escolher as pautas dos nossos podcasts. Junte-se a nós!
Enquanto donos de estúdios e grandes redes trabalham com hipóteses, os trabalhadores precisam de ajuda imediata ou morrerão de fome. O auxílio financeiro durante a crise está sendo garantido através de fundos. A própria NATO anunciou esta semana um aporte inicial de US$ 2,4 milhões para funcionários das salas de cinemas, enquanto a Academia doou US$ 6 milhões para um fundo que ajuda trabalhadores da indústria e suas famílias -- o mesmo fundo, aliás, que em 1921 salvou técnicos dos estúdios que subitamente ficaram sem emprego com o advento dos filmes falados. (Variety, Indiewire)
Também como remédio imediato, algumas salas de cinema aprenderam a amar o streaming para sobreviverem. Em Los Angeles, donos de salas dedicadas a filmes independentes agora oferecem um ambiente virtual a seus clientes. Você paga pelo acesso como se comprasse um ingresso físico e pode assistir, online, a um filme que estava em cartaz antes dos cinemas fecharem e que ainda não está disponível em VoD. E sabe que filme está entre os mais procurados? O nosso “Bacurau”. (Variety)
Aqui no Brasil, o Belas Artes, de São Paulo, e o Cine Lume, de São Luís, abriram campanhas de crowdfunding para arrecadar fundos para a reabertura. Entre as recompensas está a oferta de acesso a filmes online , embora não sejam os recém-lançados.
No lado dos festivais, o SXSW fechou uma parceria com a Amazon para disponibilizar parte de sua programação de filmes no Prime Video. Os diretores dos filmes selecionados serão pagos dentro do acordo, o que é mais do que justo, já que todos são independentes. A previsão é que as produções fiquem disponíveis na plataforma por 10 dias, a partir do final de abril. Já o Festival de Tribeca anunciou que também está organizando uma versão online que terá alguns filmes gratuitos para o público e outros exclusivos para o júri. Enquanto isso, a Comic-Con de San Diego reluta em adiar suas datas. Em comunicado, os organizadores disseram que estão monitorando a situação, mas estão confiantes de que o evento será realizado de 23 a 26 de julho. E citaram ninguém menos que o Superman, Christopher Reeve: “Um herói é uma pessoa comum que encontra força para perseverar e aguentar apesar de obstáculos esmagadores.” (Variety, The Playlist, F5)
Para encerrarmos esta edição da newsletter, uma rodada rápida de notícias sobre projetos que estão (ou estavam) desenvolvimento:
O diretor Luca Guadagnino revelou quea pré-produção de “Me Chame Pelo Seu Nome 2” está parada, porque ele teve que cancelar uma reunião com um roteirista nos EUA em função da pandemia de coronavírus. Ainda assim, ele está confiante de que poderá reunir o elenco e fazer a continuação quando toda essa confusão acabar (The Playlist);
O roteiro de “Homem-Formiga 3” será escrito por Jeff Loveness, da série animada “Rick e Morty”. Escolha acertada, já que o desenho brinca o tempo todo com as possibilidades da física quântica. O diretor Peyton Reed estará no comando da aventura da Marvel novamente (Heat Vision);
A série de Obi-Wan Kenobi também está com roteirista novo: é Joby Harold, de “Rei Arthur: A Lenda da Espada”. A produção foi suspensa antes da crise do coronavírus justamente porque a Lucasfilm não estava satisfeita com o roteiro. Deborah Chow (que trabalhou em “The Mandalorian”) continua como diretora (Heat Vision);
Edgar Wright (“Baby Driver”) tem mais um novo projeto na fila: a adaptação do livro “Set My Heart to Five”, que fala sobre um robô que aprende a amar inspirado em filmes dos anos 80 e 90. Atualmente, o cineasta finaliza o terror “Last Night in Soho”, ainda previsto para ser lançado este ano (Heat Vision);
E Nicole Kidman assinou com a Amazon para estrelar e produzir a série “Pretty Things”, baseada no livro homônimo sobre duas criminosas que se reencontram e se valem de métodos traiçoeiros para saldar uma dívida do passado. Nicole será uma das protagonistas. (Variety)
É isso. Até a próxima edição!
Forte abraço e cuide-se,
Renato Silveira
Editor-chefe do Cinematório