A nova cara dos festivais
Veneza começa sob normas de segurança, enquanto novo "Batman" é suspenso após Pattinson pegar Covid. Coppola muda final de "Poderoso Chefão III" e PTA dirige filho de Seymour Hoffman.
por Renato Silveira (@silveirarenato)
A atriz Tilda Swinton faz de seu troféu uma máscara enquanto posa para fotos no tapete vermelho do Festival de Veneza. Foto: Getty Images
Enfim, começou o Festival de Veneza, com máscaras e tudo no tapete vermelho. Na noite de abertura, a atriz Tilda Swinton foi homenageada por sua carreira. No discurso de agradecimento, ela fez também uma homenagem particular: “Wakanda forever!”, exclamou, em reverência ao ator Chadwick Boseman, morto no último dia 28 de agosto. A cerimônia também prestou um tributo ao compositor Ennio Morricone, falecido em 6 de julho. O festival está seguindo rígidos protocolos de segurança. As exibições acontecem com distanciamento entre as poltronas e fiscais perambulam pelas salas para garantir que todos os espectadores estejam usando máscaras. (Variety)
Se em alguns lugares as coisas parecem estar funcionando, em outros a situação está complicada. O ator Robert Pattinson testou positivo para Covid-19 apenas três dias após o reinício das filmagens do novo “Batman” e o set foi interditado imediatamente. A produção havia começado em janeiro, no Reino Unido, e foi interrompida em março tão logo a pandemia se agravou. Pattinson ainda tem três meses de filmagens pela frente. A Warner afirmou que o ator está em isolamento e seguindo todos os protocolos para o tratamento da doença. Desejamos rápida recuperação ao ator, mas fica o alerta e o questionamento: se um astro de Hollywood se infectou numa megaprodução que (imaginamos) seguia todas as medidas de segurança, é hora de reabrir cinemas? (Vanity Fair, IndieWire)
“Tenet” foi lançado internacionalmente no fim de semana passado, gerando uma arrecadação que surpreendeu os analistas do mercado. Foram 53 milhões de dólares em ingressos vendidos, apesar da pandemia em andamento. A estreia teve resultados melhores no Reino Unido, onde o longa arrecadou 7,1 milhões de dólares. “Tenet” foi lançado em 41 mercados internacionais, incluindo França (6,7 milhões), Coreia do Sul (5,1 milhões) e Alemanha (4,2 milhões). Neste fim de semana, o longa de ação e ficção científica dirigido por Christopher Nolan chega aos EUA, Rússia e China. (Variety)
Cá no Brasil, a Warner Bros.adiou novamente as estreias de “Tenet” (de 24 de setembro para 15 de outubro) e “Mulher-Maravilha 1984” (de 15 de outubro para 5 de novembro). O estúdio espera que nessas datas os cinemas de Rio de Janeiro e São Paulo já estejam reabertos. Mas vale sempre ressaltar: não há como garantir que as novas datas serão seguras para o público voltar a ir ao cinema. (Filme B)
Quanto a “Mulan”, os novos adiamentos da Warner praticamente confirmam que a Disney não lançará o filme nos cinemas nacionais. Se “Tenet” abrirá em 15 de outubro e “Mulher-Maravilha” em 5 de novembro, a Disney teria pouco tempo para colocar o longa em cartaz, tendo ainda que disputar salas com os concorrentes (e no caso do filme da super-heroína, com o mesmo público-alvo). A plataforma Disney+ estreia em 17 de novembro. Valeria a pena colocar o filme em cartaz, com salas em capacidade reduzida, sendo que o estúdio poderá disponibilizá-lo no serviço de streaming coisa de um mês depois? O estúdio deve estar fazendo os cálculos enquanto mantém os fãs sem notícias.
Enquanto isso, na China, onde não há Disney+, “Mulan” estreia em 11 de setembro nos cinemas. Até lá, já será possível ter uma dimensão do sucesso do lançamento no streaming dos EUA e outros países em que a plataforma já opera. Sucesso esse que pode não ser tão grande quanto se espera, já que a Disney revelou que o filme estará disponível sem custos extras a partir de dezembro, para todos os assinantes. Vale a pena pagar 30 dólares a mais agora? Em tempo: a pirataria já começou. (Variety)
No mesmo dia de sua estreia mundial no Festival de Veneza, na próxima segunda-feira, 7 de setembro, “Narciso em Férias” poderá ser visto no streaming, por assinantes da plataforma Globoplay. No documentário, Caetano Veloso faz um relato de sua prisão pela ditadura militar em dezembro de 1968, relembrando os dias na solitária, as canções que marcaram o período de confinamento e os episódios vividos ao lado de Gilberto Gil, preso no mesmo dia. Documentos da ditadura inéditos até hoje também são mostrados no filme dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil, de “Uma Noite em 67”. Paula Lavigne (esposa de Caetano) e os cineastas Walter e João Moreira Salles assinam a produção. (G1)
“O Poderoso Chefão: Parte III” voltará aos cinemas em um novo corte e com final diferente. A Paramount deve lançar a versão inédita do longa de 1990 com outro título também: “O Poderoso Chefão, Coda: A Morte de Michael Corleone”. De acordo com o anúncio do estúdio, trata-se da “visão original do diretor e roteirista Francis Ford Coppola e do escritor Mario Puzo” para o final da saga. Nas palavras do próprio cineasta: “Eu criei um novo começo e um novo fim e reorganizei algumas cenas, tomadas e trilhas musicais. Com essas mudanças e as imagens e som restaurados, para mim, esta é uma conclusão mais apropriada para ‘O Poderoso Chefão’ e ‘O Poderoso Chefão: Parte II’.” Ainda segundo a Paramount, a imagem e o som do filme foram restaurados frame a frame, a partir de um scan em 4K dos negativos originais. O relançamento (ou lançamento, já que pelo visto trata-se de um filme de fato diferente daquele que conhecemos) será em dezembro, em alguns cinemas e também em formatos digitais e de mídia física. Vale lembrar que Coppola está em um período de revisitar e remexer a própria obra. No ano passado, ele lançou a “versão final” de “Apocalypse Now” e também um novo corte de “Cotton Club”. Sabe-se lá o que vem pela frente. (Variety)
Enfim, Paul Thomas Anderson escalou o protagonista de seu novo filme. E trata-se de uma escolha emblemática: Cooper Hoffman, filho do saudoso ator Phillip Seymour Hoffman, irá interpretar o ator-mirim que está no centro do roteiro multiplot, situado nos anos 70. PTA dirigiu Seymour Hoffman em seus quatro primeiros filmes: “Jogada de Risco”, “Boogie Nights”, “Magnólia” e “Embriagado de Amor”. O ator morreu em 2014, com apenas 46 anos. Seu filho Cooper fará a estreia na frente das câmeras no longa de Anderson, que também ganhou mais dois nomes no elenco: o codiretor de “Bom Comportamento” e “Joias Brutas” Benny Safdie, que também é ator, e a cantora Alana Haim, da banda Haim, com quem PTA frequentemente colabora dirigindo videoclipes. Como mostramos na semana passada, Bradley Cooper também estrela o filme. (The Hollywood Reporter, The Film Stage)
Julianne Moore está se juntando a Amy Adams no elenco de “Dear Evan Hansen”, adaptação do musical da Broadway. Também já foram escalados Danny Pino, Ben Platt, Kaitlyn Dever, Amandla Stenberg, Colton Ryan e Nik Dodani. A trama gira em torno de um adolescente socialmente desajeitado que mente ao dizer que era o melhor amigo de um colega de escola que comete suicídio. Moore viverá a mãe do protagonista. Stephen Chbosky (“Extraordinário”, “As Vantagens de Ser Invisível”) está dirigindo o longa que tem roteiro de Steven Levenson, que escreveu a peça teatral a partir de música e letras de Benj Pasek e Justin Paul (ambos de “La La Land” e “O Rei do Show”). (The Hollywood Reporter)
Nem foi lançado, e o próximo filme dirigido por Zack Snyder já virou uma franquia. A comédia de terror zumbi “Army of the Dead”' só chegará à Netflix em 2021, mas a Netflix já encomendou um filme prequel e uma série de anime ambientados no mesmo universo. O longa original gira em torno de um grupo de mercenários que vai até uma Las Vegas infestada de zumbis, onde eles tentam realizar um ambicioso assalto. O elenco é encabeçado por Dave Bautista, de “Guardiões da Galáxia”. (IndieWire)
O novo filme do diretor japonês Ryûhei Kitamura (“Versus”) é estrelado pela ex-Batwoman Ruby Rose e se chama “The Doorman”. Ela mostra novamente suas habilidades de estrela de ação (vistas também em “John Wick 2”), agora no papel de uma ex-militar que precisa enfrentar uma quadrilha de ladrões de obras de arte em Nova York. O líder do bando é vivido por Jean Reno (“O Profissional”). Veja o trailer. O filme sai em VOD nos EUA no próximo dia 9 de outubro.
No mesmo dia também estreia “Possessor”, segundo longa de Brandon Cronenberg, filho de David Cronenberg (“A Mosca”, “Marcas da Violência”). O novo trailer dá uma noção do que esperar deste thriller sci-fi sobre uma agente secreta que trabalha para uma organização criminosa, cujo método consiste em usar um implante cerebral para tomar o controle do corpo de outras pessoas e usá-las para cometer assassinatos. O filme foi exibido em Sundance este ano e parece ser uma herança digna do mestre do “body horror”. O elenco traz Andrea Riseborough, Christopher Abbott, Sean Bean e Jennifer Jason Leigh.
Já Julie Taymor (“Across the Universe”) lança em 30 de setembro, na Amazon Prime Video, “The Glorias”, drama biográfico sobre a ativista do movimento feminista Gloria Steinem. Ela é interpretada por Julianne Moore e Alicia Vikander. E como os filmes de Taymor nunca são convencionais, as duas versões da mesma personagem interagem, como podemos ver no primeiro trailer. O elenco ainda conta com Bette Midler e Janelle Monáe.
A Netflix anunciou uma minissérie dramática sobre a vida de Ayrton Senna. Realizada em parceria com a família do piloto brasileiro, a produção será da Gullane e terá oito episódios. Parte das cenas serão filmadas na casa em que Senna cresceu, em São Paulo. De acordo com a plataforma, o ponto de partida será o começo da carreira automobilística dele na F1600, culminando no trágico acidente na Fórmula 1, durante o Grande Prêmio de San Marino. Elenco, diretores e roteiristas ainda não foram anunciados, mas a estreia já tem previsão: 2022. (Netflix)
Arnold Schwarzenegger fará uma série de espionagem para a Skydance Television. Será a primeira vez do astro de “O Exterminador do Futuro” e “True Lies” como protagonista regular na TV. Ainda sem título, o projeto é descrito como “uma aventura global de espionagem, com pai e filha no centro da história”. A atriz que fará a filha ainda não foi definida. A série terá como showrunner Nick Santora (“Prison Break”) e a ideia é negociar a distribuição com plataformas de streaming, não com emissoras de TV. (Variety)
Os criadores da série “Game of Thrones”, David Benioff e D.B. Weiss, revelaram qual é o primeiro projeto que estão desenvolvendo para a Netflix. A dupla irá adaptar para a tela a trilogia literária sci-fi “O Problema dos Três Corpos” (The Three-Body Problem), do escritor chinês Cixin Liu, vencedora do Hugo Award. Alexander Woo (série “True Blood”) e Rian Johnson (“Entre Facas e Segredo”) também estão entre os produtores executivos do projeto, ao lado de Rosamund Pike e Brad Pitt, através da produtora Plan B. A trama original gira em torno do primeiro contato da humanidade com uma civilização alienígena. Ainda não há previsão de estreia. Os livros foram publicados no Brasil pela editora Suma. Benioff e Weiss assinaram com a Netflix em 2019. Na época, eles desistiram de trabalhar com a Lucasfilm em “Star Wars” para se dedicarem a projetos na plataforma de streaming. (Live Feed)
A HBO Max anunciou que está gravando um especial de “The Fresh Prince of Bel-Air” ou “Um Maluco no Pedaço”, com Will Smith e membros do elenco original. O episódio celebrará os trinta anos da estreia da série na NBC. A emissora afirma que o especial terá música, dança e convidados surpresa. O lançamento será no feriado de Ação de Graças, no final de novembro. (Live Feed)
“Star Trek” escalou os seus primeiros atores não binários e transgêneros. De acordo com a CBS All Access, Blu del Barrio e Ian Alexander estarão na terceira temporada de “Star Trek: Discovery” e também interpretarão personagens não binários e transgêneros. É a primeira grande franquia sci-fi a dar esse importante passo para tornar a indústria mais inclusiva. (IndieWire)
Já “Star Wars” enfrenta críticas feitas por um de seus próprios atores: John Boyega acusou a Disney/Lucasfilm de deixar o seu personagem de lado em favor dos protagonistas brancos da nova trilogia. Em entrevista recém-publicada, ele disse: “O que eu diria para a Disney é não trazer à tona um personagem negro, comercializá-lo para ser muito mais importante na franquia do que ele é e, em seguida, colocá-lo de lado. Isso não é bom. Tipo, vocês sabiam o que fazer com Daisy Ridley, sabiam o que fazer com Adam Driver. Vocês sabiam o que fazer com essas outras pessoas, mas quando se tratava de Kelly Marie Tran, quando se tratava de John Boyega, vocês sabiam porra nenhuma. (...) Eles deram todas as nuances a Adam Driver, todas as nuances a Daisy Ridley. Sejamos honestos. Daisy sabe disso. Adam sabe disso. Todo mundo sabe. Eu não estou expondo nada”. (GQ)
É isso. Até a próxima edição!
Forte abraço e cuide-se,
Renato Silveira
Editor-chefe do Cinematório